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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sebastianismo, messianismo e alienação em Timbaúba.

Em meados do século XVI surgiu em Portugal, que a esta altura já entrava em plena decadência do poderio econômico europeu, o mito de D. Sebastião. O Rei D. Sebastião, da dinastia de Avis, prometia recuperar a hegemonia portuguesa e para isso empreendeu uma cruzada contra os mulçumanos no Marrocos. Só que o exército lusitano foi aniquilado na África e Dom Sebastião morreu na empreitada. No entanto, o povo de Portugal relutou em aceitar a morte do seu Rei, criando o mito de que D. Sebastião voltaria e salvaria a nação da decadência e colocaria Portugal no alto novamente. Este mito não ficou restrito a Portugal, com os portugueses vindos para o Brasil, veio também a mitologia na crença desta espécie de Messias. No interior do Nordeste, que por muito tempo ficou isolado do resto do país, as condições econômicas e culturais fizeram com que o mito ressurgisse em várias oportunidades, com abordagens diferentes. Assim aconteceu em Canudos-BA com Antônio Conselheiro, em Juazeiro do Norte-CE com Pe Cícero e até Jucurutu-RN com o Beato João Ramalho. Atualmente o messianismo é encampado principalmente por líderes religiosos que se aproveitam da influência que exercem sobre as famílias mais carentes para usufruir de privilégios, por meio de coerções sobrenaturais.
Não diferente deste imenso interior do Nordeste, Timbaúba dos Batistas também alimenta o mito messiânico de Dom Sebastião. É comum as pessoas colocar a solução dos problemas da cidade só nas mãos do prefeito, dos problemas da escola só como sendo responsabilidade do diretor, das crianças soltas no tabuleiro como fossem de responsabilidade exclusiva do Conselho Tutelar. Dessa forma ninguém faz nada e na hora em que as coisas erradas acontecem elegem um bode espiatório para assumir todas as culpas.
Quando se aproximam as eleições, o messianismo fica ainda mais evidente, pois não votamos nas idéias dos candidatos (pois nem idéias eles tem), escolhemos e divinizamos uma única pessoa e dessa forma alimentamos o mito de que Dom Sebastião -prefeito ou vereador- é quem vai melhorar a vida de todos, trazendo posperidade, dando emprego (trabalho não,  querem mesmo é emprego) e justiça para todos.
Gente, isto tudo demonstra o quanto estamos atrasados culturalmente, Dom Sebastião morreu em 1580, nós é que temos que arregaçar as mangas e melhorar nossa cidade. Votando no melhor candidato a prefeito e administrando a cidade com ele. Existem inúmeros Conselhos de Políticas Públicas na cidade, na escola e no campo; que não funciona porque a população não participa. Deixando que outros decidam por nós, estamos dando a senha para que somente um pequeno grupo se beneficie da prefeitura de Timbaúba, do Estado do RN e do Brasil.
A realidade local, por ser mais próxima, temos mais condições para mudá-la, mas é preciso agir articuladamente e em conjunto. Essa forma de campanhas políticas que aglutinam todas em discussões em torno de bicudo e bacural, verde e vermelho, candidato A e B, quem fez a maior passeata ou maior comício, é alienante e retrata o retardo mental de um povo. Este tipo de campanha política só beneficia um pequeno grupo de pessoas. É preciso romper com estas práticas retrógradas se quisermos que nossa Timbaúba cresça e se desenvolva.

2 comentários:

  1. Meu caro amigo Laudo, até hoje nunca tinha visto ninguém descrever melhor e de forma mais LÚCIDA a politica em Timbaúba!!
    É desse tipo de publicação que o povo precisa pra compreeder e tentar abrir a mente para a realidade.

    Parabéns!!

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  2. Inteligente e audacioso como sempre. Parabéns Laudo você disse exatamente o pensa muita gente mais não sabe escrever tão bem como você. Estamos muito próximos de presenciar novamente essas manifestações de partidarismo e protecionismo, acho que nosso trabalho é sensibilizar as pessoas á pensar e discutir mais as propostas e não as cores, olhar o candidato e suas atitudes e não o lado que ele está.É nosso dever como cidadãos conscientes e preocupados com o futuro de nossas crianças.

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